segunda-feira, 7 de abril de 2008

ANOTAÇÕES DO NATAL E GOSTO PELO ESPETÁCULO

O turista diria que a realização de um torneio como a final do campeonato brasileiro é sinal de pujança deste esporte no Estado do Rio de Janeiro.

O pragmático, por outro lado, falaria que é sempre bom ter eventos importantes, sem saber ao certo explicar como isso beneficiou o xadrez local que não seja com fotos ou autógrafos dos participantes.

Alertados que em 2008 teremos eleições, ambos, irmanados, concluiriam que todo ano deveria ter eleições, pois só assim a festividade ocasional ficaria perene. Se pode tirar outra conclusão da organização da final do brasileiro feita pela Fexerj?

De qualquer sorte resta a pergunta: por que não foi feito em 2006; ou 2005; ou 2004; ou ...

Não nos esqueçamos que em 2008, além da eleição para a federação, cujo atual mandatário, desde 1997 na direção, tenta mais uma reeleição, teremos ainda eleições para a Confederação Brasileira de Xadrez (CBX), cujo presidente afirmou publicamente que não concorrerá a reeleição (Comunicado CBX nº 236 In http://cbx.org.br/_site/index.php?cbx=ler&notid=829).

Dito isso, algumas informações vitais têm que ser divulgadas para que os dirigentes de clubes possam concluir se a empreitada, de fato, ajudou o xadrez do Estado do Rio de Janeiro ou só serviu a interesses individuais.

Em primeiro lugar, as pré-condições impostas pela CBX a quem se propõe organizar tal evento são respeitáveis: premiação geral garantida de R$10.000,00; estadia e alimentação para todos os 12 competidores.

Em segundo lugar, para uma federação cujos mandatários não se cansam de apregoar que é falida, organizar tal competição beira ao contra-senso e, corolário, a irresponsabilidade contábil e administrativa.

É certo que ninguém admitiria cometer tal descaso em seu próprio clube. Deveríamos admiti-lo na federação ?

O pior é que a federação continua sem sede própria. Mas isso, certamente, não é um objetivo dos atuais mandatários. A prioridade é o espetáculo e não consertar a casa.

Alguns questionamentos urgem serem feitos para que possamos avaliar com serenidade a conveniência de se sediar a final do campeonato brasileiro nas condições ressaltadas acima.

PRIMEIRO, a CBX só considera automaticamente classificados para disputarem tal competição tão somente os 4 melhores posicionados da final anterior (2006). No caso do RJ, em particular, isso significou ZERO habilitados em todo o universo de jogadores atuantes no Estado.

Logo, todos os jogadores federados do Estado teriam que, obrigatoriamente, disputar classificatórios para a ou estar diretamente classificados para a semifinal, para se habilitarem a uma das SETE vagas abertas para a final.

E, aqui, o nó górdio e a encrenca: alguém estaria diretamente classificado para a semifinal ou todos teriam que passar por classificatórios ? A resposta é positiva para o campeão estadual. Mas desde que sua federação estivesse em dia com as obrigações financeiras com a CBX, o que representa aproximadamente R$240,00/ano.

Bom, como a Fexerj está em litígio com a CBX, recusando-se a pagar suas taxas, não tivemos qualquer jogador disputando a semifinal. As federações do Piauí e do Rio Grande do Norte, entre outras, por exemplo, não tiveram tal problema.

Afora a taxa, que é um requisito econômico, ainda haveria, óbvio, o requisito técnico, vale dizer, que é a realização de torneio estadual para se chegar ao campeão estadual. Aqui sim teríamos um impedimento intransponível, pois como sabemos o Estadual Absoluto organizado pelos atuais mandatários da federação SEMPRE ocorre após a realização da final do campeonato brasileiro, de sorte que ninguém se classificaria para a semifinal que foi jogada em Novembro! A final do Estadual de 2007 foi jogada em fins de janeiro de 2008!! E, a final de 2008 será jogada em janeiro de 2009!!!

DEVE HAVER UMA LÓGICA PROFUNDA QUE JUSTIFIQUE, ANO APÓS ANO, TAL ATITUDE.

Assim, a CONCLUSÃO que se pode tirar é que a comunidade enxadrística do Estado do Rio de Janeiro só foi convidada para participar da final do campeonato brasileiro na qualidade de financiadora e de platéia, pois não tivemos nenhum classificado para a final do brasileiro, tão somente um jogador convidado, logo, não tivemos nenhum classificado vindo da semifinal. Isso é, em verdade, uma desfaçatez com a história maiúscula do xadrez fluminense e com a capacidade de nossos enxadristas.

SEGUNDO, uma das políticas da CBX visa criar incentivos para que mais jogadores se mantenham em dia com seu cadastro de jogadores ativos. Assim, como se vê nos Comunicados nº 155 e 229 (http://cbx.org.br/_site/index.php?cbx=ler&notid=732) a cada 50 jogadores de uma mesma federação regulamente registrados abre-se UMA vaga para que a federação possa indicar um jogador para participar diretamente da semifinal do brasileiro. E a Fexerj com isso ? Em simples passada d’olhos no cadastro de jogadores ativos da CBX de 2008 se poderá constatar que a federação poderia ter utilizado tal prerrogativa.

Assim, o Estado do Rio de Janeiro poderia ter, no mínimo, DOIS jogadores disputando a semifinal do brasileiro de xadrez. O porquê de não se ter feito isso é a questão que fica no ar!!

A toda evidência, com DUAS vagas garantidas para a semifinal do brasileiro teríamos um excepcional incentivo para realizarmos um grandioso e movimentado campeonato Estadual Absoluto.

Além do mais, com tais condições, jamais vistas ou imaginadas pelos atuais mandatários da Fexerj, os jovens valores da capital e do interior estariam fortemente estimulados a maior dedicação devido a esta recompensa, bem como serviria igualmente para remobilizar jogadores consagrados de todo o Estado que estivessem afastados.

Enfim, se geraria um círculo virtuoso de oxigenação do xadrez em terras fluminenses com uma ínfima parte do dinheiro empregado na realização desta final subsidiando-se passagens, estadias e alimentação dos classificados. E a diferença seria empregada numa sede própria para a federação!!

Isso, sem dúvida, teria um efeito direto altamente benéfico nos clubes federados posto que valorizaria os campeonatos internos e seria forte estímulo na requalificação média dos jogadores, melhorando o xadrez praticado pelo corpo de associados de cada clube.

Se resolveram fazer ao revés é porque o gosto pelo espetáculo prepondera.

Buscamos alicerçar nossa OPINIÃO em fatos e na fé de que os clubes de xadrez é que devam ser a prioridade da ação da federação.

Se você ou alguém que conheça discorde do que aqui se expôs, pergunte-se o quê de concreto tal evento reverteu para o seu clube e jogadores a si filiados.

É possível fazer mais e melhor em benefício de todos e cada clube quer no interior quer na capital. Não se contente tão somente com o que lhe tem sido oferecido até hoje, pois é muito pouco. Apesar de razoável, não pense em salvar apenas o seu clube, ignorando que a sua decisão terá forte repercussão nos demais clubes filiados à federação. Reflita melhor e aposte verdadeiramente no seu clube ajudando a transformar o status quo reinante.

Os clubes unidos em prol do xadrez poderão construir uma federação melhor que a ora existente, sempre de costas aos legítimos e generosos interesses dos clubes que se dedicam diuturnamente em prol do xadrez, cortando um dobrado para se manterem ativos.

Por isso, PREGO o VOTO CONTRA a CHAPA INSCRITA (qual mesmo pois às vesperas do pleito não foi divulgada) e que representará a 3ª ou 4ª reeleição do atual mandatário da federação.

Blanco

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